A estatística de 39 pessoas mortas violentamente em Santa Maria em apenas seis meses tem, em alguns casos, relação com as facções, conforme apontamento de órgãos de segurança e pesquisadores da área. Porém, como ressalva o delegado Marcelo Mendes Arigony, embora homicídios e feminicídios (entre os 39, um) sejam os principais indicadores de criminalidade, a prevenção pode extrapolar da área policial.
– A maioria dos homicídios acontece com pessoas que estão em situação de vulnerabilidade e normalmente ligadas ao sistema prisional.
Somente em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram 22 homicídios, há um aumento de 77,2%. Desde o início do ano, a cidade viveu o período mais sangrento da última década. Até então, o primeiro semestre de 2014 havia registrado 34 homicídios.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2013 e 2019, a taxa de homicídios em Santa Maria foi de 20,4 por 100 mil habitantes, contra 14 no período de 1980 a 2019. O aumento no período foi de 46%. Segundo a estimativa, 2022 pode figurar um assustador recorde histórico de assassinatos caso o número de mortes siga na mesma proporção, chegando a 80.
NO ESTADO
O balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), em julho deste ano, apontou que os crimes contra a vida, em relação ao mesmo período do ano anterior, tiveram uma ligeira redução nos homicídios e latrocínios em relação a 2021, mas alta nos feminicídios. No primeiro semestre de 2022, o Rio Grande do Sul registrou 55 feminicídios, seis a mais que o mesmo período em 2021, com alta de 12,2%. Segundo o relatório, somente em junho, o número de feminicídios subiu 25% em relação ao mesmo mês de 2021, de oito para 10 vítimas. Entre as 10 mulheres assassinadas, apenas uma contava com medida protetiva.
1º Semestre de 2022
Em Santa Maria
Homicídios 39*Latrocínios zeroFeminicídio* 1
No Estado
Homicídios 806Latrocínios 28Feminicídio 55
Panorama dos 39 municípios da área de cobertura do Diário
A ausência de delegacias da Polícia Civil em nove cidades ainda é um aspecto característico da região. Embora o trabalho da Civil seja diferente da polícia militar, sendo uma atuação reativa focada em apurar autoria e materialidade do crime que já ocorreu, e a Brigada Militar trabalhe de forma ostensiva e presente para prevenir a ocorrência dos delitos, a presença de mais policiais civis é importante.
– Assim como no Poder Judiciário que tem comarcas que envolvem mais de uma cidade, na Polícia Civil os órgãos policiais têm atribuições que, por vezes, são maiores do que o limite do município. Podemos citar São Pedro do Sul que atende Dilermando de Aguiar, Quevedos e Toropi. É claro que se tivermos mais polícia, o atendimento à comunidade é melhor – pontua o delegado Marcelo Mendes Arigony.
O major Rogério Glanzel Alves, que, no momento, responde pelo 1º Regimento de Polícia Montada (RPMon), diz que a ausência de delegacias de polícia em algumas cidades não impacta no trabalho da Brigada Militar.
– Não tem reflexo direto porque nosso efetivo contata com eles nas delegacias e, no impedimento deles, comparece nosso efetivo e acaba lavrando a comunicação de ocorrência policial. Não há deslocamento das nossas guarnições para lavratura de alguma ocorrência policial, visto que já temos este ajuste com a Polícia Civil. Temos a questão de São Marinho da Serra que o pessoal, eventualmente, desloca a Santa Maria, mas está na mesma circunscrição da Delegacia de Polícia, então não tem problema nenhum. A gente resolve e o suporte é imediato em caso de necessidade de atendimento e deslocamos as viaturas para lá – afirma Alves.
Municípios sem delegacia
1 Dilermando de Aguiar2 Jari3 Quevedos4 São Martinho da Serra5 Toropi6 Itaara7 Itacurubi8 Unistalda9 Santa Margarida do Sul
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